O continente africano ainda enfrenta vários desafios para implementar a mobilidade elétrica.
É bem sabido que, nos últimos anos, as vendas de veículos elétricos (VE) têm aumentado praticamente em todo o mundo. Apesar da contração do mercado automóvel global devido à pandemia, as vendas de veículos elétricos mais do que duplicaram em 2021, sendo responsáveis por 9% do mercado global com 6,6 milhões de unidades vendidas.
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Veja alguns dados sobre o aumento das vendas de VE no mundo:
- Em 2021, a China vendeu mais veículos elétricos do que o resto do mundo em 2020;
- Na Europa, embora se registasse um aumento de quase 70% nas vendas de VE em 2021 (2,3 milhões de veículos vendidos), o número total de vendas foi 25% inferior a 2019, uma vez que o mercado automóvel europeu continuava a recuperar da pandemia;
- Nos Estados Unidos da América, as vendas de VE mais do que duplicaram em 2021, chegando a mais de 500 000 unidades e aumentando a sua quota de mercado para 4,5%.
Em África, a realidade é muito diferente. Apesar da escassez de dados para análise, o cenário podia ser mais encorajador relativamente à evolução das vendas de veículos elétricos. Segundo dados do governo, estima-se que apenas cerca de 1000 dos 12 milhões de veículos vendidos na África do Sul sejam veículos elétricos.
Existem também outros desafios na utilização de VE em África:
Políticas governamentais
Ao contrário da Europa, Ásia e Estados Unidos da América, os governos africanos não forçam o setor automóvel a adotar opções mais ecológicas, pelo que a transição para os VE tem sido mais lenta. Por exemplo, Cabo Verde foi o único país a implementar ações para eliminar gradualmente a venda de veículos alimentados por motores de combustão interna.
Má condição das estradas, eletricidade e carregadores de VE
O continente africano continua a ser afetado por desafios ao nível das infraestruturas, como fracas redes elétricas, estradas em mau estado e escassez de carregadores elétricos públicos. Como é compreensível, tudo isto contribui para que a procura de veículos elétricos seja limitada.
Importação de veículos usados com motores de combustão interna (MCI)
Um grande volume de veículos usados com MCI é importado diariamente para o continente africano. Infelizmente, isto aumenta ainda mais a diferença de preços entre os veículos com MCI e os veículos elétricos, dificultando a adoção da mobilidade elétrica pela população.
Insuficiência económica
Apesar da queda abruta nos custos dos veículos elétricos ao longo dos anos, a aquisição de um VE continua fora do alcance da maioria dos africanos. Por exemplo, se considerarmos que um nigeriano ganha um salário médio anual de 71 185 nairas por mês, o que corresponde a $170 (de acordo com as agências de recrutamento internacionais e nigerianas), e que o preço médio de transação de um veículo elétrico é $65 291, é razoável concluir que a maioria dos africanos não considera adquirir um veículo elétrico.
Não obstante estes desafios, e contrariamente à tendência do continente africano, alguns países, como o Egito, estão determinados em avançar com a mobilidade elétrica, com planos para fabricar internamente 20 000 veículos a partir de 2023 para acelerar a adoção de VE por todo o continente.
Além disso, e de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, pelo menos 50 startups do Quénia estão a desenvolver veículos elétricos de duas e três rodas, introduzindo assim veículos sustentáveis, de baixo custo, nas estradas traiçoeiras do continente. O Quénia pretende que os veículos elétricos venham a representar 5% de todos os veículos importados até 2025 e reduziu para metade as taxas aduaneiras sobre os VE. O Gana, Ruanda, Seicheles e a ilha Maurícia também reduziram ou eliminaram as taxas aduaneiras.
Fonte:
Centurion
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