Por que razão a saúde mental dos motoristas de camiões tem de ser uma prioridade

Neste Setembro Amarelo, há que salientar que a saúde mental dos motoristas de camiões é uma preocupação significativa para a segurança rodoviária, a eficiência operacional e a saúde pública.

O conceito de bem-estar da frota está cada vez mais enraizado na gestão de frotas, refletindo um empenho crescente em apoiar as pessoas que trabalham no setor dos transportes. Neste mês de setembro, o Mês de Sensibilização para a Prevenção do Suicídio, sublinhamos que a saúde mental merece a mesma atenção que os procedimentos de segurança ou a manutenção dos veículos.

Por trás de cada entrega e cada agendamento existe um motorista que enfrenta pressões reais, muitas vezes em silêncio. Neste sentido, a promoção da saúde mental dos motoristas de camiões é uma responsabilidade social, um ato de humanidade e é essencial para criar frotas mais seguras e resilientes.

Por que razão os problemas de saúde mental estão a aumentar entre os motoristas de camiões

Viagens de longo curso, isolamento e horários imprevisíveis podem ter consequências graves, conduzindo ao burnout, depressão e stress crónico. Estes problemas não estão confinados à vida pessoal do motorista, uma vez que afetam a concentração, o tempo de reação, a tomada de decisões e podem acabar por aumentar o risco de acidentes rodoviários. À luz desta situação, a saúde mental dos motoristas de camiões não é uma mera questão pessoal, mas está diretamente relacionada com a segurança pública e o desempenho operacional da frota.

A carga emocional do isolamento pode ser pesada. Para muitos motoristas, a estrada torna-se um lugar solitário onde os sentimentos de ansiedade e desespero podem passar despercebidos e permanecer sem ajuda. Os fatores de risco mais comuns são longas horas de trabalho, a pressão para cumprir prazos apertados e a falta de interação social. Muitos motoristas referem sentir-se subvalorizados ou sem apoio por parte dos empregadores, o que só aumenta a sua fadiga emocional. Ao longo do tempo, estes fatores podem conduzir a um ciclo de problemas de saúde para os motoristas de camiões – desde a má qualidade do sono e ansiedade ao afastamento e desmotivação – acabando por afetar o seu bem-estar e desempenho profissional.

Como é que o bem-estar dos motoristas impacta as operações e segurança da frota

Negligenciar a saúde mental tem consequências operacionais graves. As frotas podem debater-se com um aumento da taxa de sinistralidade, absentismo e uma maior rotatividade dos motoristas, o que aumenta os custos, reduz a qualidade do serviço e diminui a motivação da equipa. Estes desafios não podem ser solucionados apenas através da manutenção dos veículos; requerem uma abordagem à saúde da frota centrada no fator humano.

Para evitar o burnout dos motoristas e respetivas consequências, as empresas devem integrar o apoio à saúde mental na cultura da organização. As melhores práticas do setor, como realçadas pela Frotcom e por outros peritos no bem-estar na frota, incluem:

• Formar os gestores a fim de identificarem precocemente sinais claros de sofrimento mental;
• Fornecer apoio psicológico confidencial e recursos aos motoristas que dele necessitarem;
• Encorajar uma cultura de diálogo aberto, em que a saúde mental possa ser discutida sem estigma;
• Implementar horários equilibrados e garantir que os motoristas têm períodos de repouso regulares e de acordo com a lei;
• Usar a tecnologia para monitorizar os níveis de stress e estilos de condução perigosos em tempo real, permitindo uma intervenção precoce;
• Promover um ambiente de trabalho em que os motoristas se sintam ouvidos, valorizados e apoiados emocionalmente.

Por vezes, perguntar “Como se sente, de facto?” pode fazer uma diferença significativa.

O apoio ao bem-estar emocional dos motoristas deve ser parte integrante do modelo operacional de qualquer frota, e não uma consideração a posteriori. Uma frota segura, fiável e eficiente começa com motoristas que se sentem respeitados, apoiados e valorizados. Que este mês de setembro sirva não só de sensibilização, mas também de compromisso para a ação. Que todos criemos frotas em que as pessoas têm o papel principal.